IDEOLOGIA E CORRUPÇÃO NO BRASIL

Hands passing money under the table corruption and bribery

As manifestações a respeito de julgamentos de processos sobre corrupção, onde envolvem políticos de variados partidos, seguidas de declarações de membros do Judiciário e do Ministério Público, deve ser visto sob um prisma maior, pois é bem mais significativo para a sociedade.

Vejo que a pior das corrupções, é aquela que não pode ser denunciada por existir previsão legal. São leis criadas por instituições que possuem legitimidade legislativa, ou seja, fazem suas próprias leis se auto beneficiando, sem a mínima preocupação com o impacto financeiro nos cofres do Estado. É bem verdade que tudo é feito com a concordância do Parlamento, mas aí, encontram-se de plantão os Representantes destas instituições para exercerem o que chamamos de “pressão”.

Neste momento, há um conflito de corporações, cada qual disputando a fatia maior do bolo, os políticos de forma escancarada e ilegal e as demais organizações de forma supostamente legal, trazendo com isso a opinião da sociedade de que são protetores do povo e somente os primeiros devem ser eliminados.

É evidente que o recado enviado pelos parlamentares, principalmente daquela turma envolta com a corrupção foi claro, tipo: Não mexam aqui que não mexemos aí! Com único desejo de silenciar o que já é insilenciável.

É isso mesmo, historicamente é o que acontece, estas corporações são “ajudadas” pelo congresso e, em troca, recebem seus benefícios geralmente representados por vantagens econômicas incorporadas ao salário, que somente podem ser atendidas com o acréscimo no repasse dos duodécimos pelo Poder Executivo após concordância do Parlamento. É Lobo respeitando Lobo.

Assim, o Estado Brasileiro é dividido em servidores pobres e servidores ricos, aqueles que fazem parte do quadro geral e aqueles servidores que fazem parte do quadro destas corporações (Parlamento, Judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas, Defensoria).

Não é por acaso que ocorrem casos que auxiliares de serviços gerais, motoristas (profissões dignas) chegam a ganhar várias vezes mais que um professor ou um policial militar, somente por estarem nos quadros destas instituições, pois a vantagem é dada através do plano de carreira, abrangendo desde o posto mais alto ao mais baixo.

Este momento acusa um racha neste pacto espúrio, ou seja, as cartas que até então estavam escondidas estão sendo colocadas na mesa, atingindo em cheio também as instituições. O povo, que acreditava que estava sendo protegido por elas se revoltará em convulsões sociais insufladas justamente por esses supostos “protetores”.

Esta corrupção se dá em nível de gestão, onde o orçamento é fatiado sem a observação do atendimento a direitos constitucionais como saúde e educação por exemplo. A Lei de Responsabilidade Fiscal é deixada de lado, a fiscalização e o controle externo também.

Vejo ainda uma identificação com a ideologia de Karl Marx, onde os fatos de corrupção são usados como instrumento de dominação, agindo por meio de convencimento e alienação ideológica. Trazendo ao imaginário social que somente um dos lados é o mal, tudo ao anseio da classe que quer se tornar mais dominante, invertendo valores e formando ideias falsas do que é ou o que deveria ser.
Estas instituições por terem em seu escopo o Princípio da Legalidade não podem usar a violência para se imporem, assim, a ideologia torna-se o instrumento coercitivo da sociedade e o cidadão o soldado desta manobra suicida.

A ocultação dessas verdades, em benefício das classes dominantes deixa de lado os interesses sociais e, certamente, trará a semelhança da revolta de um filho abandonado pelo pai, marcando profundamente o relacionamento institucional com a sociedade, pois a confiança se perdeu e tardará para voltar.

Por Mauro Falcão, 03/12/2016.

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Mauro Falcão
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